sábado, 29 de dezembro de 2007

Ano Novo com "That's Entertainment"

A todos os que me acompanham neste espaço, desejo um Bom 2008.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Sem vergonha


Parei.
Olhei e senti uma revolta tremenda.
É este o estado a que deixaram chegar o velho “Paris”, há anos abandonado e entregue a si próprio, numa agonia sem fim. E sem vergonha.
Não interessa saber de quem é a responsabilidade.
Para quê?

Quem não preserva a sua memória, seguramente nem pensa.
Que triste espectáculo!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Natal com Bing Crosby

A todos os que me acompanham neste espaço, desejo um Bom Natal.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Fernando Fernan Gomez



Sempre o considerei um grande actor.
Não por ser velho, porque a idade não retrata talento onde ele não existe.
Mas Fernando Fernan Gomes (1921 – 2007), que morreu há poucas semanas, era de uma versatilidade espantosa, um artista na verdadeira acepção da palavra. E para além de actor, foi também realizador e escritor.
Desde os anos 40 até este ano, rodou mais de uma centena de filmes, deixando para a posteridade a sua marca, a sua qualidade, a sua categoria.
Trabalhou com todos os grandes realizadores espanhóis, escreveu novelas, memórias, peças de teatro, livros para crianças.
Através do magnífico “site” do “El Pais”, tive oportunidade de ver um pequeno filme sobre o seu velório, e não me surpreendeu que a urna tivesse sido colocada num palco. Num teatro. E que as pessoas que por lá passaram, e foram milhares, se sentassem em cadeiras também no palco.
Um grande Senhor.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Domingos, 19 horas

Hoje vou falar de televisão.
Melhor, dos domingos às 19 horas na RTP Memória, espaço que se vai consagrando como o melhor de toda a programação, creio eu.
Tivemos as “Histórias da Música”, que António Victorino de Almeida nos contou na Viena dos anos 70, e que seria interessante, tantos anos volvidos, serem escutadas por muitos dos responsáveis (?) pela Cultura deste país, tal a frieza da análise, a lógica do raciocínio e a facilidade de comunicação na crítica velada, justificada na altura por uma suposta mais branda censura que Marcelo Caetano permitiu. Pelo programa passaram os grandes compositores, as suas vidas e obras, os instrumentos, o ensino da música, a realidade de um país que nada tinha a ver com o Portugal “pequenino”.
Depois, Nemésio e o “Se Bem me Lembro”, igualmente dos anos 70, em que o Mestre disserta sobre variados assuntos, com a autoridade catedrática que lhe advinha de forma espontânea, que nem mesmo o sotaque terceirense conseguia quebrar o interesse. Cada palestra era uma lição, intemporal, magistral.
E agora João Villaret, série de programas realizados em 1959, em que o grande actor, o melhor português até hoje a recitar poesia (novamente a minha opinião), nos deleita com uma variedade de poemas e poetas, em interpretações cuidadas como se em palco estivesse.
Domingos, 19 horas, na RTP Memória.
Gravador e dvd prontos.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

"Os Irmãos Karamazov"

Revi ontem “Os Irmãos Karamazov”.
E mais do que a presença imponente de Yul Brynner, ou o azul dos olhos de Maria Schell, impressionou-me a extraordinária interpretação de um actor muito esquecido, Lee J. Cobb (1911 – 1976).
Aliás, este seu desempenho valer-lhe-ia uma nomeação para Actor Secundário em 1958, que perderia para Burl Ives, em “Da Terra Nascem os Homens”.
Não há palavras para descrever o que este actor consegue mostrar de um Pai devasso e alcoólico, avarento e perverso. É ele que domina o filme, o que não é fácil, tratando-se de um texto de Dostoyevsky.
Realizado por Richard Brooks (1912 - 1992), que nos deixou filmes como “Key Largo”, “The Last Time I Saw Paris”, “Lord Jim” e “Elmer Gantry”, “Os Irmãos Karamazov” é um clássico, que merece revisão periódica.



segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

"Get Smart"

Há muitos anos nos écrans da televisão, uma série cómica norte-americana, que parodiava o mundo dos agentes secretos.
Chamava-se “ Get Smart”, e estou certo que muitos a recordarão.
Maxwell Smart era acompanhado pela agente “99” (Barbara Feldon, nasceu em 1932) e interpretado magistralmente por um desconhecido actor até então, Don Adams (1923 – 2005).
Bem poucos me fizeram rir tanto, e sempre considerei “Get Smart” uma série de “culto”.
Foi criada por Mel Brooks e Buck Henry, e feita entre 1965 e 1970, com mais de cem episódios; ganhou 7 “Emmy Awards”.
As trapalhadas do Agente Smart, o célebre “telemóvel” escondido no tacão do sapato, a comicidade do actor e do enredo, maravilharam a minha geração, que ainda hoje a recorda.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Kim Novak

Bem poucos se recordarão dela. No entanto, fez furor na sua época, anos 50 e 60, trabalhando com realizadores de nomeada, sempre encarada como uma “sex-symbol”, mas sendo bem mais do que isso.
A cor do cabelo não significava falta de talento, como muitas vezes acontece em actrizes “curvilíneas” que não passam disso mesmo.
Kim Novak (nasceu em 1933) ficou sobretudo famosa pelo seu desempenho em “Vertigo” de Hitchcock. Mas será injusto esquecer, entre outros, “Pal Joey”, “The Man with the Golden Arm”, “Kiss me, Stupid” e “Of Human Bondage”.
Soube retirar-se de cena quando entendeu que a sua imagem era outra, o que se entende. Pode é não aceitar-se.
O seu último filme foi rodado em 1991.
Restam os dvd, para matar saudades.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mia Farrow



Aparentemente frágil, muito magra, mas com um olhar que enche por completo os écrans, Mia Farrow (nasceu em 1945) foi, durante muitos anos, a “diva” de Woody Allen, como já acontecera com Diane Keaton, e agora com Scarlett Johansson.
“Filha de peixe…”, Mia herdou de sua mãe, a também actriz Maureen O’Sullivan, a naturalidade com que enfrenta as câmaras, mas fá-lo com muito mais talento. O pai foi o realizador australiano John Farrow.
De seu nome verdadeiro Maria de Lourdes Villiers-Farrow (sabiam?), foi o seu primeiro filme que a lançou para a fama. “Rosemary’s Baby”, que em português foi comercializado como “A Semente do Diabo”, em 1968. Depois veio a fase “Allen”, e aí destacaria “The Purple Rose of Cairo”, “Hannah and her Sisters”, “Radio Days”, mas a lista poderia ser bem mais longa.
Uma actriz para a história do Cinema.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Trevor Howard


Foi um actor de primeiro plano, mas nunca foi uma "estrela".
Talvez porque a sua paixão por Shakespeare o tenha levado a permanecer nos teatros londrinos, e a recusar um contrato fabuloso que Hollywood lhe propôs.
Sóbrio, compôs as suas personagens com rigor e profissionalismo, e deixou-nos interpretações seguras, algumas mesmo brilhantes.
Trevor Howard (1913 – 1988) combateu na II Guerra Mundial, onde foi seriamente ferido. Quando recupera, começa verdadeiramente a sua carreira, na qual destaco filmes como “The Ryan’s Daughter”, “Triple Cross”, “Von Ryan’s Express” e “Ghandi”, marcados definitivamente pelo seu talento.
Foi um dos protagonistas de “Os Amantes do Tejo”, ao lado de Daniel Gélin e Amália, filme inteiramente rodado em Lisboa, e de que já falei neste blogue.

“They deserve what they get when they give a ham actor, a petulant child, complete control of an expensive picture.”, disse um dia. E como tinha razão…

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Dirk Bogarde


O pai era o editor de cultura do “The Times” e a mãe era actriz.
Capitão do exército inglês na segunda Guerra Mundial, foi um dos oficiais que desmantelou a rede de campos de concentração de Hitler, experiência que o traumatizou de tal maneira, que durante muitos anos, não quis pronunciar-se sobre o que vira.
Dirk Bogarde (1921 – 1999) participou em cerca de 70 filmes, sempre brilhante, em personagens nem sempre fáceis, mesmo para os grandes actores.
Destaque, entre outros, para “The Servant”, “Death in Venice”, e “The Night Porter”.
Interpretações inesquecíveis.
Não foi um actor popular, mas talvez nunca se tenha preocupado muito com isso.
Nem sempre a popularidade é sinónimo de qualidade.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Doris Day

Quando falamos de Doris Day (nasceu em 1924), lembramo-nos de imediato de uma canção, “Que Será, Será”, que interpretou em 1957 no filme “The Man Who Knew Too Much”, ao lado de uma das “lendas” do cinema, James Stewart.
Ou seja, a canção celebra este ano 50 anos, e toda o mundo a conhece.
É interessante constatar que foi uma música, e não qualquer dos seus 46 filmes, a projectá-la para a fama, dado que, em boa verdade, Doris Day não era uma grande actriz, limitando-se a papéis de “ingénua” sexy e meio apalermada, com grande sucesso, apesar de tudo, nos anos 50 e 60.
Rock Hudson, que com ela rodou muitos filmes, era o divertido galã, e ambos fizeram um par afamado em Hollywood, que os aproveitou na perfeição para grandes receitas de bilheteira.
Talvez “Calamity Jane”, de 1953, seja o seu maior êxito.


domingo, 18 de novembro de 2007

Errol Flynn

É o herói da “capa e espada”.
O eterno “Robin Hood”.
O “Gavião dos Mares”.

Errol Flynn (1909 – 1959).

A sua vida é um manancial de intensas e delirantes paixões, de boémia, de dezenas de filmes, de dinheiro e de alguma extravagância.
Na verdade, este actor australiano, de porte atlético e um enorme poder de sedução, granjeou uma invulgar popularidade, que o projectou para os mais altos salários pagos na Hollywood de então.
Os seus filmes, quando vistos hoje em dia, parecem-nos, e são, “datados”, mas não deixam de ser um entretenimento fantástico.

Apenas uma curiosidade: quando foi sepultado, e por vontade do seu grupo de amigos mais chegado, meteram 6 garrafas de whisky no caixão, que assim desceu à terra.

É verdade.


quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Cinema em televisão

Não é nem parecido…ver um filme em televisão. E ainda que as pessoas saibam bem que é verdade, a vida quotidiana não incentiva muito que depois do jantar, se saia de casa para ir ao cinema. Já nem falo do preço dos bilhetes, do preço do parque de estacionamento, do cheiro pestilento a pipocas, do seu mastigar pelo vizinho do lado, do frio ou calor que esteja.
Adiante.
Sou um “consumidor” dos agora chamados canais “TVCine” da TV Cabo. Entre muito lixo que passam, salvam-se sempre, diariamente, uma meia dúzia de bons filmes, que vejo ou revejo.
Mas o que não tenho a mínima paciência é para ver qualquer filme nos canais abertos.
Façam a experiência.
Para além dos horários idiotas, pois só passam as fitas depois das intermináveis telenovelas ou “reality shows” (muito eu gosto desta expressão….), ao fim de 15 minutos surge um intervalo de vinte, mais meia hora de película e mais vinte minutos de publicidade, e ainda uma vez mais até ao final. Isto é, como cada filme ronda, em média, os 100 minutos, há que acrescentar 60 de anúncios. E com tudo isto, são 3 da madrugada….
Há muito que desisti.
E creio que não fui só eu.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Natalie Wood

Quando se começa uma carreira aos 4 anos…acaba-se cedo.
Mas há excepções.
Natalie Wood (1938 – 1981).
Com 9 anos já ganhava mil dólares por semana, e estava-se, portanto, em 1947…e com isso era o sustento de toda a família, emigrantes russos que, graças ao prodígio, saiu de uma vida de dificuldades para o desafogo.
Já era uma actriz consagrada antes de completar 20 anos, até porque já contracenara com James Dean no célebre “Fúria de Viver” (Rebel Without a Cause), que lhe valeu a primeira nomeação para Oscar e ainda mais fama. Depois vem “Esplendor na Relva” (Splendor in the Grass) e “West Side Story”. E muitos outros grandes filmes.
Muito haveria a esperar do seu talento, mas a morte prematura, por afogamento, acabou, de facto, cedo com a sua vida.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

"Quarteto"



Na pacatez quase provinciana da Lisboa de finais dos anos 60, o aparecimento destas quatro salas de cinema foi um acontecimento.
Não apenas por serem 4 salas juntas, caso até então inédito na cidade.
Foi o “Quarteto” que deu início às chamadas sessões da “meia-noite”.

É bom recordar que a essa hora, para além dos cabarets, não havia quase nenhum local aberto ao público, à excepção do velho “Alfredo”, bem perto da Av. De Roma, palco de muitas ceias após o cinema. E poucos mais. Mas...bons tempos!

Ir ao cinema à meia-noite, e para mais com uma programação diferente da habitual, foi “aventura” que bem poucos quiseram perder.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Margaret Rutherford

Há personagens que eternizam quem as criou.
Se vos falar de uma detective velhota, inglesa, que parecendo distraída, tudo descobria e resolvia, não será difícil pensarem em “Miss Marple” e de imediato em “Dame” Margaret Rutherford (1892 – 1972).
De tal maneira “protagonizou” a personagem, que a própria Agatha Christie lhe dedicou um dos seus livros, exteriorizando assim a admiração que nutria pela grande actriz.
Era única.
Com laivos de humor, representava os sérios papéis com uma desenvoltura impressionante, só possível em virtude do enorme talento e da “escola” que teve no teatro londrino, desde a juventude.

Os jovens de hoje não a conhecem.
Mas fariam bem se a descobrissem.


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

"Papillon"

Quem não leu “Papillon” de Henri Charrière no princípio dos anos 70?
Foi um sucesso à escala mundial, esteve na “moda”, como aconteceu há pouco tempo com o “Código da Vinci”…
Também esse livro deu origem a um filme, em 1973, com o mesmo título, superiormente interpretado por dois “monstros sagrados”, Steve McQueen e Dustin Hoffman.
Personagens opostas mas cúmplices, o forte com ideias, o fraco com dinheiro, e ambos com carácter, é uma delícia ver as “lições” de representação que vão dando ao longo das mil peripécias que lhes sucedem, como prisioneiros na Guiana Francesa.
A fuga, sempre a fuga, é a linha mestra do filme, um arriscar constante, repleto de traições, desenganos e frustração, até à última cena, em que “Papillon” consegue finalmente concretizar a evasão, mas já só ele, dada a evidente debilidade e resignação do amigo.
O abraço trocado no final do filme, cena sem diálogo, é de antologia.
Realizado por Franklin J. Schaffner, que já nos havia presenteado, três anos antes, com “Patton”.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

"A Ponte do Rio Kwai"

Tem 50 anos.
“A Ponte do Rio Kwai”, de David Lean.
Revi-o uma destas noites, e mais uma vez dei por bem empregue o tempo.
O argumento é simples, trata-se da destruição, pelos aliados, de uma ponte ferroviária construída pelos prisioneiros britânicos na Birmânia ocupada pelo Japão, na Segunda Guerra Mundial.
Alec Guiness tem uma interpretação fantástica, (ganhou o Oscar de melhor Actor com ela), bem secundado por William Holden, na altura, um dos actores americanos mais populares, e Jack Hawkins, mais um “velho senhor” da geração de ouro.
O filme foi rodado em Ceilão, no meio de várias peripécias, uma das quais foi a produção ter de “tingir” de verde o rio, por este ter aparecido amarelo de um enxurrada durante uma noite, já depois de vários dias de filmagem.
E a música?
Quem não se recorda da marcha assobiada pelos prisioneiros, à chegada ao campo?
Malcolm Arnold foi o compositor, e para além desta banda sonora, que lhe valeu também o Oscar, escreveu “apenas” mais 131 (!).

Um serão bem passado!


sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Cantinflas



Não era um “grande” actor.
Os filmes que protagonizou estão hoje nos baús do esquecimento.
“Datados”, são simples histórias, para crianças hoje adultas, que as viram há muitos anos, nos cinemas deste país.
Cantinflas, de seu nome Mario Moreno (1911 – 1993), é um personagem humilde, pobre, sempre amigo do próximo, bem intencionado e honesto.
No fundo, o México aproveitou-o para também se promover internacionalmente, tendo Charlie Chaplin dado uma boa ajuda quando classificou Cantinflas “o melhor comediante do mundo”, frase que me parece exageradíssima…

Em miúdo, vi muitos dos seus filmes.
E tenho saudades.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

"Lápis Azul"

Há pouco tempo, sentado numa das pequenas salas de um Centro Comercial à espera que o filme começasse, recordei os tempos em que, igualmente sentado no meu lugar, aguardava o início da sessão.

Para aí chegar, havia sido conduzido por um arrumador, que a troco de uma gorjeta me dava o “programa”, em que se podiam ler algumas linhas sobre o filme, intérpretes e realizador.
Quando a luz se apagava, surgia um “documentário”, “O Mundo em Notícias” vindo do Brasil…ou então sobre a visita do “Chefe de Estado” a um qualquer lugar sem importância alguma.
Depois vinha o filme. Que era interrompido a meio para o intervalo.
No “foyer” dos cinemas fumava-se, ia-se ao bar, viam-se as montras/expositores, até soar o “gong”, sinal de que o filme iria recomeçar.
Era assim.

Hoje, é frequente os lugares nem serem marcados, os arrumadores desapareceram, “programas”…. idem, intervalo fugiu.
Em compensação temos cheiro a pipocas, coca-cola, e o barulho da sala ao lado.

Mas não temos os filmes censurados.
Só por isso…vale a pena o "sacrifício".


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Gene Kelly

Sabemos que o “muito bom” é diferente do “excepcional”, e quando coexistem, o primeiro fica sempre relegado para um plano secundário.
Gene Kelly era “muito bom”, mas Fred Astaire era “excepcional”. E assim, esquecemo-nos muitas vezes do talento amplamente demonstrado, em filmes inesquecíveis, por esse grande actor, bailarino, cantor, realizador e coreógrafo.
Gene Kelly (1912 – 1996) foi tudo isso, e em todos esses aspectos foi brilhante.
Evidentemente que aproveitou a época áurea dos musicais, mas pergunta-se se esse tipo de filmes teria existido sem talentos como o dele.
Participou em mais de 40 filmes, alguns dos quais sucessos de sempre, como “Singing in the Rain”, “An American in Paris” e “Brigadoon”.
Apenas uma vez nomeado pela Academia para Oscar de melhor actor, Kelly impôs-se tranquilamente sem necessitar das estatuetas.
Gene Kelly.
Uma “lenda”.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Assim nasceu o "Oscar"

No final dos anos 20 do século passado, a construção de uma casa para o todo poderoso Louis B.Mayer desencadearia a criação do “Oscar” da Academia.
É verdade.
O pessoal necessário exigiu salários fabulosos, e o patrão da MGM, muito preocupado na época com o aparecimento do sonoro , entendeu que tal exigência era mais um ataque, ainda que camuflado, à indústria cinematográfica.
Reuniu alguns dos seus colaboradores, e passou-lhes a mensagem que seria conveniente criar uma associação que congregasse todos os elementos da Indústria cinematográfica, para melhor a defender.
Umas semanas depois, juntaram-se num jantar produtores, realizadores, actores, argumentistas e técnicos, que formaram a “International Academy of Motion Pictures Arts and Sciences”.
Mayer não fez a “coisa” por menos e declarou-se Presidente…e logo ali nasceu a ideia de premiar quem mais se dedicasse à causa do Cinema.
Assim nasceu o “Oscar”, entregue pela primeira vez em 1927/28.
Sabem que aquando da II Guerra Mundial, por falta de metais, a estatueta foi feita em gesso? E que mesmo a “normal” não vale mais que 500 euros?

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

John Gielgud


Perante a sua figura, a sua arte de representar, o seu porte, a sua distinção, que saltavam para a tela de uma forma absolutamente fantástica, fazia-se um silêncio de admiração, de respeito, de homenagem.
John Gielgud (1904 – 2000) foi um dos grandes actores ingleses, de uma geração de ouro, que saiu dos teatros londrinos para o Cinema, encantando com a sua classe as plateias mundiais.
Desde os anos 30 até à sua morte, o actor nunca parou, com uma importância extraordinária no teatro inglês, ele que é considerado um dos maiores intérpretes de Shakespeare, e deixando papéis inesquecíveis no Cinema. E no entanto, a “pobre” Academia de Hollywood apenas uma vez (!) lhe deu um Oscar, e como actor secundário. Triste “cartão de visita” para uma instituição…

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

"Top 20"

A Elizabete, do blogue “Encanto”, passou-me este desafio, que aceito com prazer.
Trata-se de actualizar esta lista de filmes, que quer traduzir os “20 Melhores” de sempre, tarefa ingrata, porque gostos não se discutem.
Cada um dos que colaboram, retiram três filmes e acrescentam outros três.

Retirei:
“Sunrise – A Song of Two Humans (F.W.Murnau) 1927
“Cyrano de Bergerac” (Michael Curtiz) 1942
“Les Uns et Les Autres” (Claude Lelouch) 1981

Acrescentei:
“One Flew Over the Cuckoo’s Nest” (Milos Forman) 1975
“Ben-Hur” (Willyam Wyler) 1959
“Persona” (Ingmar Bergman ) 1966

A lista ficou assim:

Um Corpo que Cai (Alfred Hitchcock) 1958
A Doce Vida ( Frederico Fellini) 1966
O Encouraçado Potekim ( Sergei Eisenstein) 1925
Apocalypse Now - 1979, Francis Ford Coppola
Citizen Kane - 1941, Orson Welles
East of Eden - 1955, Elia Kazan
La vita è Bella (Life is beautiful) - 1997, Roberto Benigni
Modern Times - 1936, Charles Chaplin
The Name of the Rose - 1986, Jean-Jacques Annaud
O Pianista - 2002, Roman Polanski
The Bridge on The River Kway - 1957, David Lean
The Deer Hunter - 1978, Michael Cimino
The Schindler’s List (A Lista de Schindler) - 1993, Steven Spielberg
Unforgiven - 1992, Clint Eastwood
The Godfather Trilogy (1972, 1974, 1990) - Francis Ford Coppola
Amadeus - 1984, Milos Forman
One Flew Over the Cuckoo’s Nest – 1975 Milos Forman
Casablanca - 1942, Michael Curtiz
Ben-Hur – 1959, William Wyler
Persona – 1966, Ingmar Bergman

Passo agora este desafio a Rui Luís Lima, do blogue “Paixões & Desejos”, a quem solicito que depois de actualizar a lista, a passe a outra pessoa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

"Cinecittà"

Mussolini não gostava de cinema.
Para ele, havia duas espécies de filmes: “aqueles que o público pergunta como vão acabar e aqueles em que pergunta quando vão acabar”.
Ou seja…ditador e “inteligente”…

Apesar disso, é ele quem coloca a primeira pedra dos futuros estúdios da “Cinecittà”, local mítico de onde sairão autênticas relíquias do Cinema, e será ele a inaugurá-los em 1937.
Quando a guerra acaba, os estúdios assumem a sua importância.
Sabiam, por exemplo, que o célebre “Quo Vadis?” foi lá rodado?
Mas são os grandes realizadores italianos que vão marcar a Cinnecità. De Sica, Rossellini e sobretudo Fellini. Os grandes filmes destes Mestres foram feitos lá, a apenas 9 quilómetros de Roma.
Fellini considerava mesmo que aquela era a sua segunda casa.

Depois, com o desaparecimento destas grandes figuras, a Cinecittà perdeu igualmente muito do seu esplendor.
Há semanas, um fogo transformou em cinzas uma boa parte dos estúdios.

Esperamos que a Itália democrática tenha o bom-senso de imitar, nesse aspecto, o ditador, e reconstrua o “templo”.
Exige-o a memória do Cinema.
E a nossa.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Burt Lancaster


“Tipo ideal para papéis de gangster ou de pirata que não pedissem muitos miolos e ainda menos corações. O segundo balcão do Éden logo lhe aportuguesou o nome: Bruto Lencastre. Bruto era merecido, Lencastre muita ignorância. Bruto Macário ou Bruto Arlindo convinham mais ao homem, não desfazendo.”

Assim se refere João Bénard da Costa a Burt Lancaster (1913 – 1994)
Não resisti a começar assim estas linhas sobre o actor.

Porque na verdade, devido ao seu aspecto físico, e aos papéis com que iniciou a sua carreira no Cinema, ninguém imaginaria que este antigo trapezista, criado nas ruas da Nova York mais miserável, seja hoje consensualmente visto como um dos grandes actores dos Estados Unidos.
Ele é “O Leopardo”, para todos os apaixonados da Sétima Arte.
Mas convém não esquecer, entre muitos outros, “From Here to Eternity”, “The Birdman from Alcatraz”, “Elmer Gantry” ou “Judgment at Nuremberg”.
Quatro vezes nomeado para Melhor Actor, venceu o Oscar em 1961 com “Elmer Gantry”, e contracenou com todas as grandes actrizes do seu tempo, como Jean Simmons, Claudia Cardinale, Gina Lollobrigida, Deborah Kerr e Barbara Stanwick, lembrando apenas algumas.

O “Bruto Lencastre” dos tempos iniciais deu lugar a um excelente actor, que perdurará na memória de todos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

"Feios, Porcos e Maus"

Começamos por sorrir, depois rir até quase às lágrimas, voltamos à fase inicial e a certa altura estamos muito sérios a olhar para o écran, cada vez mais sérios até ao fim.
“Feios, Porcos e Maus”, de Ettore Scola.
Tudo se passa numa barraca de um “bairro de lata” perto de Roma, onde Giacinto vive com a mulher, dez filhos, a sogra, primos e primas. Todos numa só barraca, porque o chefe de família tem receio que alguém lhe roube a indemnização que recebeu por um acidente de trabalho. Dorme agarrado a uma espingarda, pronto a disparar sobre quem se aproxime, seja quem for.
Tudo aquilo é nojento, desde as refeições ao aspecto da família, degradante, promíscuo, miserável.
No meio de personagens absolutamente indescritíveis, Nino Manfredi é a “alma” do filme, com uma interpretação inesquecível. Poderia não ter feito mais nenhum filme, porque bastaria este para o colocar na galeria dos grandes actores italianos.

“Feios, Porcos e Maus”.
O título diz tudo, e bem.

sábado, 29 de setembro de 2007

Gary Cooper

Para o público de hoje, o seu nome pouco dirá.
Mas Gary Cooper (1901-1961) foi uma das grandes estrelas de Hollywood, com uma carreira que durou cerca de 40 anos, vencedor por duas vezes do Oscar de melhor actor e cinco nomeações, 100 filmes rodados.
Todos o conheciam por “Coop”, e o seu primeiro grande sucesso é “The Virginian” em 1929. Outros filmes memoráveis são o seu “A Farewell to Arms” em 1932, e “Mr.Deeds Goes to Town” em 36.
Poucos sabem que Gary Cooper foi o actor escolhido para interpretar Rhett Butler em “E Tudo o Vento Levou”. Depois de estudar o guião, Cooper rejeitou o convite, dizendo: “Vai ser o maior desastre comercial a que Hollywood já assistiu”.
Enganou-se.
E esperaria até 1952, ano de “High Noon”, para ver consagrada a sua carreira. Neste filme, incrivelmente traduzido para português como “O Comboio Apitou Três Vezes”, Gary Cooper tem o papel da sua vida.

Um grande actor.


terça-feira, 25 de setembro de 2007

Spielberg

“Jaws”
“Close Encounters of the Third Kind”
“Indiana Jones”
“E.T.”
“The Colour Purple”
“Hook”
“Schindler’s List”
“Jurassic Park”
“A.I. Artificial Intelligence”
“The Terminal”
“Munich”

Simplesmente…Spielberg.

A lista seria bem mais extensa, se necessário fosse.
Os génios são incapazes de fazer algo errado, ou mal. Ou fraco.
E é preferível nem escrever muito sobre eles.
Agradecer-lhes apenas.

sábado, 22 de setembro de 2007

"Cavalgada Heróica"

Numa daquelas noites em que apetece ver um “western”, escolhi “Cavalgada Heróica” (Stagecoach) de John Ford, com o inevitável John Wayne. Rodado em 1939.
Considerado um “clássico” no género, é na verdade um excelente filme, dirigido por mão de Mestre e com interpretações fabulosas.
Gostaria de destacar Thomas Mitchell, que todos conhecemos de “E Tudo o Vento Levou”, onde interpreta o papel de pai de Scarlett O’Hara.
Aqui é um médico permanentemente alcoolizado, mas fá-lo com uma categoria digna do realizador e de alguns dos seus pares. Impressionante o seu esgar, as alterações do seu comportamento, a sua presença. A Academia premiou-o com o Oscar para Actor Secundário, e muito bem.
Ainda o grande John Carradine, num papel de jogador profissional, mas acima de tudo, um cavalheiro de nobre tradição familiar, filho de um juiz, com a reputação abalada pelo vício.
E John Wayne, no arranque da sua brilhante carreira, a protagonizar o “herói”, o ex-presidiário que dá lições de civismo e educação a banqueiros, médicos e comerciantes, ao tratar uma prostituta (Claire Trevor), que todos rejeitam, com respeito.
Como não podia deixar de ser, tudo acaba em bem.

Um grande filme!


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Mastroianni



Marcello Mastroianni (1924-1996) começou por ser um caso de sucesso em Itália, e depois por toda a Europa. E para isso muito contribuiu “La Dolce Vita”, que Fellini roda em 1960.
As palavras seguintes são do próprio realizador:
“ “La Dolce Vita” foi a primeira película em que trabalhei com Mastroianni. Recordo-me de lhe dizer: Chamei-te porque precisava de um sujeito normal, sem personalidade, sem expressão, banal, como tu. Não lhe disse isto com má intenção. Não quis ofendê-lo…ele representa também o tipo de homem ideal. É o homem que todas as mulheres desejariam”.
O que Fellini não disse, é que Mastroianni provinha da “escola do teatro”, onde durante anos trabalhara com Visconti. E que no cinema, onde se estreou em 1947, contracenou, entre outros, com Silvana Mangano, Lollobrigida, Vittorio Gassman e Giulietta Masina. Isto é, Mastroianni teve, desde o início, excelentes parceiros, com quem muito foi aprendendo, desde os grandes realizadores italianos, a todos os grandes actores e actrizes seus contemporâneos.
Ele próprio, um dos maiores de sempre.
Participou em 143 filmes, número impressionante, mesmo numa longa carreira.
Destacar este ou aquele, parece-me desnecessário. Seriam dezenas a merecê-lo.
Morreu em Paris, e quando o corpo foi trasladado para Roma, onde esteve em câmara-ardente no Capitólio, houve uma senhora que o velou toda a noite, e quase sempre sem se sentar. Seu nome, Sophia Loren.
E Dino Risi, um dos realizadores que o dirigiu, afirmou:
“Apagou-se o coração do cinema italiano. A sua alma mais bela”.

Marcello Mastroianni.
Uma lenda.

sábado, 15 de setembro de 2007

Antonioni


Licenciado em Economia e Gestão pela Universidade de Bolonha.
Assistente de Rossellini em 1942.
Realiza o seu primeiro filme em 1950, “Cronaca de un Amore”, que passou despercebido.
Colabora com Fellini no argumento de “The White Sheik” em 1952.
Primeiro grande triunfo internacional em 1960, “L’Avventura”, que retrata, na perfeição, a dificuldade de comunicação entre os homens, tema que o acompanhará ao longo de toda a sua carreira.
E a partir deste filme, os sucessos foram muitos.
Bastaria lembrar “ La Notte”, “L’Eclisse”, “Il Deserto Rosso”, “BlowUp”, “Professione: Reporter” e “Identificazione de una Donna”.
Mas a razão principal do sucesso deste grande realizador, reside sem dúvida, nos filmes que rodou nos anos 60.
Eles revelam o génio criador de Antonioni.

Michelangelo Antonioni (1912 – 2007).
Combinou com Ingmar Bergman, e partiram juntos.
Grandes conversas irão ter!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Desafio rápido

O Luis Alves, do "Grandes Planos" lançou-me este desafio, que achei curioso.
Por isso, aqui tem a minha resposta:

1) Pegar no livro mais próximo: “Século Passado”
2) Abri-lo na página 161: done!
3) Procurar a 5ª frase completa: "Mas pronto, José Alberto Carvalho disse “ressuscitação” e disse-o numa quinta-feira Santa.”
4) Colocar a frase no Blog: Colocada.
5) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo): Foi o que fiz.
6) Passar o desafio a 5 pessoas:

dadomoura – “Comportamento”

dyna – “Estorias da carochinha”

Ana Haderer – “Tinta Permanente”

Elisabete – “encanto”

Carlos Pereira – “The Last Chapter”

domingo, 9 de setembro de 2007

Ingmar Bergman

“Fiz alguns filmes maus que, no entanto, me são queridos. Realizei também filmes, objectivamente considerados bons, que me são indiferentes. Outros estão submetidos, o que é cómico, às minhas mudanças de conceitos. Por vezes, acontece alguém dizer-me : “Oh! Eu adoro esse filme!”. Nestes casos, sinto grande satisfação, e passo a gostar também do filme.
Uma coisa não posso negar: orgulho-me de um filme como “Da Vida das Marionetas”. É que este filme ainda hoje se impõe.”

Ingmar Bergman




Passadas umas semanas sobre o desaparecimento deste Mestre, e quando muitos que lamentaram a sua morte nunca mais se lembrarão dele… nada melhor que ler as suas palavras para destacar um entre dezenas de excelentes filmes.
“Da Vida das Marionetas”.

Rodado em 1979, no período em que Bergman esteve na Alemanha, o filme aborda a vida de um casal, as frustrações do marido, que logo no princípio comete um crime. A intensidade das emoções, a definição do perfil psicológico do personagem, os seus recalcamentos encobertos, o modo como tudo isto se reflecte no relacionamento com a mulher, as consultas ao psicanalista, os diálogos, os planos.
Bergman ao seu melhor nível.


Tem razão o Mestre ao salientar este filme no conjunto da sua obra.
Cada uma das suas histórias vê-se e revê-se. Muitas vezes, e sempre com o prazer inicial.

Ingmar Bergman.
Sueco, europeu, universal.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

"Os Amantes do Tejo"

“Os Amantes do Tejo” é um filme dos anos 50, cujos exteriores foram rodados em Lisboa. Um dos canais portugueses passou-o há muitos anos, e ontem revi a gravação feita na altura.


Amália Rodrigues canta o célebre “Barco Negro”, mas esse é apenas um dos factores que torna este filme muito especial para os lisboetas, e não só.
Podemos apreciar, com algum pormenor, a Lisboa desse tempo, sem ponte, sem Cristo-Rei na outra Banda, mas com sinaleiros, pregões populares, varinas, empregados de mesa fardados, ardinas, engraxadores e Salazar, cujos serviços de Censura cortaram quase 20% do filme, depois de terem proibido a exibição em Portugal.
Há ainda uma espectacular guitarrada pelo Mestre Jaime Santos, o Rossio com eléctricos, a Bica típica, o porto de Lisboa com movimento intenso de navios, os velhos táxis, as arcadas da Praça do Comércio, o Terreiro do Paço com o Cais das Colunas limpo de quaisquer tapumes…
O filme foi protagonizado por dois excelentes actores, o francês Daniel Gélin (1921-2002) e o inglês Trevor Howard (1913-1988), que acompanham Françoise Arnoul (n. 1931). A realização é de Henri Verneuil.


A história é fraquinha, quase inverosímil, mas o interesse do filme, para nós, hoje em dia, não reside aí.
Bem poucos filmes portugueses da época mostraram a cidade como este filme francês.


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

"Êxtase"

O argumento resume-se no seguinte:
Uma jovem casa com um homem mais velho, que não a consegue satisfazer sexualmente. Ao tomar banho, completamente nua, num ribeiro, é observada por outro homem, com quem virá a ter a sua primeira relação sexual.
Ao tomar conhecimento do sucedido, o marido suicida-se.
Quando se pensaria que a rapariga estaria livre para ir viver com o amante, abandona-o no momento em que ele a esperava para partirem para longe.
E o filme termina assim.

Ao argumento junte-se o título do filme: “Êxtase”.
E date-se: 1933.




Não é difícil entender o impacto que este filme, realizado pelo checo Gustav Machaty, causou.
Cenas de nu feminino integral eram absolutamente inéditas nos circuitos comerciais. O filme foi proibido em muitos Estados americanos, mas a protagonista, uma jovem chamada Hedy Kiesler, foi de imediato contratada para Hollywood. Aí, mudou de apelido, e tornou-se uma actriz célebre. Hedy Lamarr.


Quando casou, o marido gastou uma fortuna a comprar as cópias do filme que existiam, para as destruir. Sem sucesso, porque tantos anos passados, o filme está disponível em dvd, em todo o mundo. Aliás, o mesmo faria Carlo Ponti em relação a um dos primeiros filmes de Sofia Loren. Com sucesso.

“Êxtase”.
Apesar de tudo, um clássico.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

“Vaghe stelle dell’Orsa”

Revi “Vaghe stelle dell’Orsa”, de Visconti.

É um filme com 42 anos, a preto e branco, que tem Claudia Cardinale como protagonista.
Tudo o que distingue este realizador está lá.
Mistério, segredos, o passado revivido e a decidir o futuro, os confrontos de gerações. Filmado com mestria, uma excelente fotografia, a velha Itália a deslumbrar com o cuidado posto em tudo o que é histórico.




Claudia Cardinale é a “estrela”, mas Visconti, que de vez em quando se deixa “tentar” em mostrar o corpo da actriz, procura nela não a vedeta “sexy”, mas a “actriz”, que interpreta um papel complexo de uma mulher que tem de esconder o seu passado incestuoso com o irmão. E Claudia consegue corresponder ao desejo do Mestre, que a filma em grandes planos que evidenciam não só a sua beleza, mas também uma “força” que só me lembro de ver em “O Leopardo”, também de Visconti, e em poucos mais filmes.
Jean Sorel, que já esquecêramos, é o irmão, e está à altura da importância da personagem na trama.
O filme apareceu nos circuitos comerciais europeus com o título “Sandra”, nome da protagonista. Que nada tem a ver, como sucede frequentemente, com o título original.
Pouco mais de uma hora e meia bem passada.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Marlene Dietrich


É uma das figuras mais enigmáticas da história do Cinema.
Marie Magdalene Dietrich nasceu na Alemanha em 1901, e só perto dos 30 anos chega aos Estados Unidos como “resposta” da Paramount ao tremendo sucesso de Greta Garbo. Torna-se a “musa” do grande realizador Josef von Sternberg, com quem roda “O Anjo Azul”, que a tornaria mundialmente célebre.
E se os papéis que protagonizava nas telas encantavam as plateias, a sua vida pessoal alimentava os jornais e a rádio, dando-lhe uma projecção invulgar para a época.
Sofisticação, magnetismo, sensualidade. Uma combinação explosiva na actriz, conjugada com atributos femininos e masculinos.
“Não interessa se és homem ou mulher. Faço amor com qualquer pessoa que ache atraente”, disse um dia, alimentando as especulações.
Para além do “The Blue Angel” já referido, saliento entre os seus filmes mais conhecidos, “Morocco”, “Shangai Express”, “Destry Rides Again” e “Witness for the Prosecution”.
Inimiga feroz de Hitler, recusou várias propostas alemãs para voltar ao seu país e aí filmar.
Marlene Dietrich morreu em Paris, em 1992.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

João Villaret

João Villaret.
A maior parte dos que dele se recordam, elegem-no como o maior declamador português. Na minha opinião encabeça um trio constituído por ele, Mário Viegas e Manuel Lereno.
Mas os filmes que interpretou são testemunho de que o seu talento não se confinava à poesia, que disse, repito, como ninguém.
Nasceu em 1913, em Lisboa, e dedicou toda a sua vida ao espectáculo. Integrou desde novo a célebre Companhia Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro e depois nos “Comediantes de Lisboa”.
No cinema participou em apenas seis filmes, entre os quais “Frei Luís de Sousa”, “Inês de Castro”, “Camões”, e “O Primo Basílio”. No “Pai Tirano” faz um pequeno papel como mudo, de antologia.
A maior popularidade chega com a televisão, nos anos 50. Aí deu a conhecer ao grande público muitos escritores portugueses, entre os quais Pessoa, de quem tinha sido amigo pessoal, Régio, Botto.
Faleceu em 1961.
Villaret.
Um enorme talento.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Louise Fletcher


Bastou um filme.
“Voando sobre um Ninho de Cucos”.
O papel que Louise Fletcher nele desempenha, é monumental. A Enfermeira Ratched, é fria, dura, implacável. O espectador odeia-a desde o primeiro minuto. Até ao último. Valeu-lhe, justamente, o Oscar para Melhor Actriz.
Norte-americana, nascida em 1934, Louise era filha de pais surdos-mudos, mas ela e os irmãos não tinham a deficiência, e foi uma tia que a ensinou a falar.
Começou pela televisão, mas quando Milos Forman a viu no filme “Thieves Like Us”, convidou-a de imediato para o seu maior sucesso.
Participou em dezenas de filmes, mas bem longe do sucesso da enfermeira Ratched.
Simplesmente brilhante.
Resta acrescentar que este é, para mim, o melhor filme de sempre.

sábado, 18 de agosto de 2007

Anne Bancroft


Fez inúmeros filmes, interpretou dezenas de papéis, mas Anne Bancroft será sempre…Mrs. Robinson.
Dela nos lembramos quando escutamos os fabulosos Simon & Garfunkel a cantar essa mesma canção. E de imediato surge um Dustin Hoffman quase imberbe, a lançar-se para a ribalta.
Nesse filme, “The Graduate”, a carga de sensualidade e até erotismo que Bancroft consegue fazer chegar às plateias é tremenda. E inesquecível.
Anna Maria Louisa Italiano, de seu verdadeiro nome, nasceu no Bronx em 1931, neta de avós italianos, como o nome indica claramente. Anne Marno foi o seu primeiro nome artístico, nomeadamente em séries televisivas, mas ainda nos anos 50 altera para “Bancroft”, por lhe parecer mais elegante.
Nomeada 5 vezes pela Academia, apenas venceu em 1963 com “The Miracle Worker”.Mas quem não a recorda também em “7 Women”, “Silent Movie” e “The Hindenburg”?
Foi casada mais de quatro décadas com Mel Brooks, personalidade aparentemente nos antípodas da actriz. Quando esta morreu em 2005, Mel Brooks avisou os amigos que quem quisesse chorar nas cerimónias fúnebres, era melhor ficar em casa.
E assim foi.
Anne Bancroft teria aprovado.

domingo, 12 de agosto de 2007

Jodie Foster


Não é muito vulgar uma actriz estrear-se, aos 14 anos, no Cinema, e receber logo uma nomeação para os Oscares da Academia, mas foi o que aconteceu a Jodie Foster, em “Taxi Driver”.
Muitas vezes, estas excepcionais interpretações precoces, não têm confirmação posterior, mas também aí a actriz contrariou a tradição e impôs-se claramente.
Os êxitos são inúmeros, bastando recordar “The Accused”, “The Silence of the Lambs”, “Nell”, “Contact” e “Flightplan”.
Uma actriz versátil, com uma vasta experiência e muito talento.
Com um QI bastante acima da média, Jodie Foster é licenciada pela Universidade de Yale, e já ganhou o Oscar para Melhor Actriz com “The Accused” e “The Silence of the Lambs”.
E ninguém acredita que fique por aqui.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Fernando Lopes

“Belarmino”.
1964.
Tempo dos três “F” (Fado, Futebol e Fátima).
Cinzentismo triste.
Analfabetismo reinante.

E este filme, abordando o dia-a-dia de um ídolo do boxe nacional, um campeão que bem poderia ter sido mais do que isso, se não tivesse de lutar diariamente pela sobrevivência.
Fernando Lopes “sacode” o marasmo.
O “Novo” Cinema num país velho.
Filme-documentário duro, realista, a preto e branco.

Depois…alguns anos mais tarde, “Uma Abelha na Chuva”…quase mais uma década e “Crónica dos Bons Malandros”…”O Delfim”….”Lá Fora”…

Fernando Lopes.
Realizador.
Incontornável.

sábado, 4 de agosto de 2007

Jean Seberg


Está muito esquecida, mas a minha geração recordá-la-á sempre.
E bastou um filme, “A Bout de Souffle” de Godard, em que contracenou com Jean-Paul Belmondo.
Esse filme de 1959, absolutamente extraordinário e que marcou uma época do cinema francês, deu ao mundo do cinema uma actriz única, que se tornaria mito também devido à sua turbulenta vida privada e morte precoce.
Participou em outros filmes importantes, como “Bonjour Tristesse”, “The Mouse that Roared”, “Lilith”, e “Paint your Wagon”.
O seu apoio a várias causas criou-lhe problemas sérios com o FBI, e várias depressões que o tempo foi agravando.
Nascida em 1938, Jean Seberg suicidou-se em 1979.
Quem visitar o cemitério de Montparnasse, poderá visitar a sua sepultura.

domingo, 29 de julho de 2007

Lee Marvin


A sua voz grave, e o aspecto duro, proporcionaram-lhe inúmeros papéis de vilão ao longo da sua carreira.
Nascido em 1924, Lee Marvin foi expulso de várias escolas por mau comportamento, saindo da última para a Marinha americana. Ferido na II Guerra Mundial, Marvin foi condecorado pela bravura demonstrada, enquanto muitos dos seus camaradas morreram nessa batalha.
Apesar de herói, conseguiu apenas um emprego como canalizador, e um dia, ao consertar um cano de um teatro, o “manager” que havia falado com ele, ao reparar na sua voz, convidou-o para substituir um actor que fazia um secundaríssimo papel.
E assim começou uma carreira que o levaria a Oscar da Academia.
“Cat Ballou”, “Ship of Fools”, “The Dirty Dozen”, “Paint your Wagon”, “The Klansman” e “Gorky Park” são apenas alguns dos seus grandes êxitos.
Morreu em 1987.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Morgan Freeman


O pai era barbeiro e a mãe empregada de limpeza.
Nascido em 1937, aos 8 anos integra uma peça de teatro na escola, aos 12 ganha um prémio de interpretação. Quando completou 18 anos ganhou uma bolsa de estudo , mas preferiu servir a Força Aérea dos Estados Unidos, como mecânico.
Mas o “bichinho” estava lá…e ei-lo em 1964, em Nova York, como bailarino, e poucos anos depois estreia-se no cinema, já a residir em Los Angeles.
E, como é sabido, nunca mais parou.
Os sucessos são tantos…vou apenas lembrar “Driving Miss Daisy”, “The Shawshank Redemption”, “Glory”, “Seven”, “Robin Hood, Prince of Thieves”, e muitos mais.
Morgan Freeman é um dos mais conceituados actores norte-americanos, e as suas interpretações são e serão inesquecíveis.

domingo, 22 de julho de 2007

Yul Brynner


“O Rei e Eu”.
Bastaria este filme para eternizar este actor.
Mas Yul Brynner interpretou também “Os Sete Magníficos”, “Os Irmãos Karamazov”, “Anastasia”, “Taras Bulba”, “Os Dez Mandamentos” e muitos outros grandes sucessos.
A cabeça rapada era a sua “marca”, hoje banal, mas na época absolutamente inédito.
Yuliy Borisovich Brynner, seu verdadeiro nome, começou por cantar em cabarés de Paris, onde durante a Grande Guerra foi locutor de uma cadeia de rádio americana que fazia a propaganda dos aliados.
Para além de cantor, Brynner era um excelente fotógrafo, e existem dois livros publicados com os seus trabalhos.
Mas “O Rei e Eu”, e o seu Rei de Sião, catapultaram-no para a fama. No teatro, interpretou o papel mais de quatro mil vezes, e ganhou o Oscar de melhor actor com o filme.
Morreu em 1985, no mesmo dia de Orson Welles.
Ou seja, um dia desastroso para a Sétima Arte.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Irene Papas



Juntamente com Melina Mercouri, são as duas grandes figuras do cinema que a Grécia viu nascer.
Descoberta por Elia Kazan, admirada por Fellini, amiga íntima de Katharine Hepburn, Irene Papas participou em mais de 70 filmes numa carreira com mais de 50 anos.
“Zorba”, “Os Canhões de Navarone”, “Z”, “Elektra” são apenas alguns dos mais conhecidos.
Personalidade forte, ficaram célebres algumas das suas frases, tais como:“Nunca ganhei um Oscar…e os Oscares nunca ganharam Irene Papas”, ou “Melina Mercouri era uma estrela, eu sou uma idealista lutadora”.



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