quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Sem vergonha


Parei.
Olhei e senti uma revolta tremenda.
É este o estado a que deixaram chegar o velho “Paris”, há anos abandonado e entregue a si próprio, numa agonia sem fim. E sem vergonha.
Não interessa saber de quem é a responsabilidade.
Para quê?

Quem não preserva a sua memória, seguramente nem pensa.
Que triste espectáculo!

5 comentários:

Cataclismo Cerebral disse...

É triste, é mesmo triste...

spring disse...

Olá José Quintela Soares!
Tenho uma profunda relação sentimental com este cinema porque foi no seu écran que descobri muitos filmes. Todos os fins-de-semana ali estava, mais dois colegas de liceu, para ver as sessões duplas, entrávamos pela porta lateral, porque não tinhamos idade para os filmes, mas sim altura.
Desde 1972 até ao final do liceu, vimos e revimos filmes sem conta e as histórias lá passadas são inúmeras: tinhamos sempre a recomendação do simpático porteiro, "não se levantem do lugar no intervalo", e assim fazíamos.
O Jardim Cinema é outro lugar cheio de memórias cinéfilas, depois começaram aqueles ciclos no Palácio Foz e por lá andávamos e claro essa capela da cinéfilia chamada Quarteto também fazia parte do nosso quotidiano,e o Universal no tempo do Cunha Telles.
Ainda hoje todos os fins-de-semana passo por aquela rua e de um lado está o cinema da minha adolescência e do outro o café onde aguardávamos pacientemente pela abertura da porta mágica, para o território dos sonhos.
Não resisto a mais uma pequena história "parisiense": um dos filmes da sessão era a "Julieta dos Espíritos" do Fellini e um casal viu-nos a falar animadamente sobre o realizador e perguntou-nos se o filme era bom, dissemos de imediato que era fabuloso e depois quando saímos da sala o cavalheiro deitou-nos um olhar que nos fuzilou a todos... seguímos rapidinho para a esplanada do jardim da estrela para fugir àquele mau olhado:)
um abraço cinéfilo

Anónimo disse...

aqui pelos meus lados também fazem o mesmo - ou pior (demolição total) - com edifícios repletos de história, inclusive um cine-teatro inactivo há décadas. é revoltante a falta de memória...

Carlos Faria disse...

Não me recordo se quando vivi em Lisboa o Cinema Paris teve ainda alguma actividade, mas isso em nada reduz o impacte da imagem que me mostrou - simplesmente espelha a falta de vergonha de um sistema que até assume existirem ministérios e pelouros com "competência" na área da cultura e interrogo-me cada vez mais: Para quê?!

PASSEIO DAS ESTRELAS disse...

Falar no Paris é como também falarmos do Edén do Galo do Império,cinemas onde passei grande parte da minha juventude e onde vi filmes insquecíveis, e hoje estão ao deus dará, em nome do progresso, como alguns teimam em dizer.
É pena que as gerações mais novas não tenha tido o previlégio de poderem ter entrado nesses cinemas, como em muitos outros já desaparecidos, como o Condes, São Jorge (antigo), Tivoli, Momumental etc.

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