quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Quinn


O pai era irlandês, a mãe mexicana.
Antes de ser actor trabalhou num talho, foi motorista, praticou boxe, não teve uma juventude economicamente desafogada.
Até que em 1936, com 21 anos, decide participar num concurso lançado pelo célebre Cecil B. deMille, que procurava actores índios para fazer um papel secundário num filme protagonizado por Gary Cooper.
Ou pelos seus méritos, ou por ter encantado a filha adoptiva do realizador, que viria a ser a sua primeira de muitas mulheres, o certo é que Quinn ganhou o concurso, e começa a aparecer regularmente nos filmes do futuro sogro.
E o sucesso não mais parou.
Anthony Quinn simboliza a ascensão, em Hollywood, do mestiço ao estrelato. Foi ele o primeiro a consegui-lo, numa época nada fácil para isso.
Ninguém esquecerá o seu “Zorba”.
E mesmo os “intelectuais” cinéfilos, habituados a vê-lo em papéis pouco “cultos”, não podem omitir o seu desempenho, sob as ordens de Fellini, no “La Strada”, ao lado de Giulietta Masina.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Annie Girardot



Fez bem em abandonar os estudos de enfermagem. Talvez se tenha perdido uma excelente enfermeira, mas o Cinema ganhou uma óptima actriz.
Que começou pela “Comédie-française”, pelo teatro, sua primeira paixão.
Mas bem cedo foi atraída pelos filmes. E aí, foram determinantes realizadores como Visconti, Vadim ou Lelouch.
Foi, sem dúvida, a actriz preferida dos franceses nos anos 70. Ela encarna o espírito libertador de convenções da mulher de então, os seus personagens são isso mesmo, modernos e pouco dados a tradições.
No entanto, a década seguinte vai fazer quase desaparecer esta actriz.
Perdida em papéis que em nada se comparavam aos já interpretados, Girardot, à semelhança de inúmeros colegas de profissão, deixa de ser iluminada pelas luzes da ribalta. A tal ponto que as gerações actuais pouco conhecerão dela.
A doença de Alzheimer está a terminar com o resto.
Mas permanece na memória de todos aqueles que, durante muitos anos, a apreciaram.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Uma Grande Senhora



Uma das “grandes senhoras” de Hollywood.
Excelente na juventude, na meia-idade, na velhice. O génio não tem época.
Oscar no seu primeiro filme, Oscar no último.
Personalidade forte, enfrentou o conservadorismo americano doa anos 40 quando resolveu assumir publicamente a relação com Spencer Tracy. Ganhou.
A heroína de tantos filmes, tinha nesse acto da vida real o seu papel mais difícil.
Mais do que todos os que interpretou nos palcos, nas peças de Shakespeare, e que a tornaram a actriz americana que mais experiência teve com o autor inglês.
Katharine Hepburn.
“Sou uma pessoa de carácter e também actriz. Mostrem-me uma actriz que não tenha carácter e mostrar-me-ão uma mulher que não é uma estrela.”

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Chaplin


Quase não são necessárias palavras para falar de Chaplin.
Fez parte de todas as infâncias, adolescências, vidas.
O cinema mudo tem nele a sua maior estrela, o sonoro apenas modificou a arte de se exprimir, mas foi incapaz de destruir o génio.
Actor completo, crítico mordaz e inteligente da sociedade em que se movimentava, do mundo que o rodeava, da miséria, da falsidade, Chaplin fez-nos rir, sorrir, comover e até chorar.
Mas…“Um dia sem uma gargalhada é um dia perdido”, nas suas próprias palavras.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Ben-Hur



Vi este filme, pela primeira vez, quando tinha 12 anos. Nos anos 60.
E fiquei, lembro-me bem, extasiado.
A imponência, os milhares de figurantes, as interpretações, a história de Judah Ben-Hur, as peripécias por que passa, deixam marcas inolvidáveis num miúdo, mesmo habituado a ver muito cinema.
Charlton Heston, que até nem considero um actor de excepção, tem aqui o papel da sua vida. Mas o destaque do filme desliza para a encenação, a produção, a realização (William Wyler). Aí consegue alcandorar-se à História do Cinema.
A Academia de Hollywood, tantas vezes injusta e até sectária, premiou o filme com o recorde de Oscares, nada mais nada menos que 11.
A cena que ilustra este post, a célebre corrida de quadrigas, ficará para sempre marcada na memória de quem viu o filme, e aposto que todos viram, pelo menos, uma vez. E será bom não esquecer que estávamos em 1959, ou seja, sem os meios técnicos hoje em dia disponíveis.
212 minutos de puro prazer, que renderam, nos cofres das bilheteiras de então, 74 milhões de dólares!
O “American Film Institute” coloca “Ben-Hur” na lista dos melhores 100 filmes de sempre.
E eu concordo.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Dustin Hoffman



Muito se poderia escrever sobre este notável actor.
Para quê? Quem não o conhece e admira?
Apenas alguns filmes que rodou: “A Primeira Noite”, “O Cow-Boy da Meia-Noite”, “O Pequeno Grande Homem”, “Cães de Palha”, “Lenny”, “Os Homens do Presidente”, “Kramer Contra Kramer”, “Tootsie”, “Rain Man”.
Suficiente?
Papéis extraordinários, diversificados, só ao alcance de um predestinado.
Ganhou 2 Oscares (Kramer e Rain Man) e foi nomeado mais 5 vezes.
No ano em que faz 70 anos (nasceu em 1937), aqui fica Dustin Hoffman, um actor extraordinário.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Um Génio


Como podem verificar na frase que escolhi para a criação deste blogue, a minha admiração por Orson Welles não tem limites.
Considero-o uma das maiores figuras do Cinema, um homem cuja cabeça funcionava sempre bem, um génio que a tela retrata nas suas múltiplas facetas de realizador, produtor e actor.
Falar dele não é fácil.
Personalidade forte, pensador fecundo, Welles soube estar no “sistema” sem nunca estar…
Para uma pequena perspectiva da sua maneira de encarar o Cinema, o Mundo e a Vida, nada melhor do que “ouvi-lo” nas suas palavras:

“Nascemos, vivemos e morremos sozinhos. Apenas através do amor e da amizade podemos criar a ilusão momentânea de que não estamos sozinhos”.

“Cria o teu próprio estilo visual…deixa-o ser único para ti mesmo e identificável pelos outros”.

“Tenho um grande amor e respeito pela religião, grande amor e respeito pelo ateísmo. O que eu detesto é o agnosticismo, as pessoas que não escolhem”.

“Se as mulheres não existissem, ainda estaríamos numa caverna a comer carne crua, porque fizemos a civilização com o intuito de impressionar as nossas namoradas”.

“Um filme nunca é realmente bom, a menos que a câmara seja um olho na cabeça de um poeta”.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

A "praga"


Entramos numa sala de cinema, pequena ou grande, pouco importa, e ficamos logo enjoados pelo nauseabundo cheiro.
No chão, a caminho do nosso bem pago lugar, não raro encontramos vestígios mortais.
A praga!
Pipocas!
Com ou sem sal, com ou sem açúcar, em pacotes pequenos, médios ou grandes, consoante o maior ou menor devorador apetite de quem pensa que vai a um restaurante e não a um cinema…
E como aquilo “embatuca”, faz-se acompanhar de uma pequena, média ou grande quantidade de cola, para ajudar à digestão.
O ruído da mastigação passa quase despercebido se o filme for uma comédia, e é tremendo se o “suspense” imperar. Imperar…é um modo de dizer, pois os ruminantes espectadores, que depois limpam as mãos gordurosas às próprias cadeiras, não deixam.
Até quando??

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

O nosso fado


Carlos Saura, realizador espanhol que levou até às telas o tango e o flamenco, prepara-se agora para transportar o português fado aos mesmos níveis de divulgação.
Evidentemente que as expressões musicais são universais, embora tenham a sua origem específica, a qual não convém escamotear.
Se a dança típica espanhola está no sangue de Saura, é naturalíssimo, e compreende-se mesmo que o tango argentino lhe pulse nas veias.
Fado é uma surpresa.
A proposta foi-lhe feita por um produtor português, Ivan Dias (?) e o realizador aceitou.
Percebe-se a intenção primária do produtor, querendo aproveitar a experiência ganha com outros filmes sobre música tradicional, mas já não se aceita tão bem que não se tenha pensado num realizador português para rodar o filme. Porque ninguém imagina um produtor espanhol a convidar um português para realizar uma obra sobre dança com castanholas…
E Saura não terá começado muito bem…ao convidar Caetano Veloso para participar no filme, cantando “Estranha Forma de Vida”. Por muito grande que seja Caetano, um brasileiro a cantar Amália…deixa dúvidas, para mais num projecto que pretende retratar a canção portuguesa.
Sabe-se que Mariza entrará no rol de fadistas, e provavelmente Carlos do Carmo e Camané.
Louva-se o projecto, mas desconfia-se do resultado…

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Jack Nicholson


A sua expressão facial, sério, a rir, a chorar, de qualquer maneira, é de louco.
Nos inúmeros papéis que representou, que vão do cómico ao mais puro terror, nunca essa “loucura” deixou de estar presente. Talvez tenha sido exactamente essa, a par de um enorme talento, a característica que o celebrizou e eternizou na história do Cinema.
Há mais de 40 anos que anda nas telas de todo o mundo, encantando, levando à meditação, arrancando gargalhadas espontâneas, fazendo vibrar as plateias com o seu olhar felino, os seus traços histriónicos difíceis de esquecer, os esgares, a postura de grande actor.
Ainda hoje considero “Voando Sobre um Ninho de Cucos”, 1975, de Milos Forman, o melhor filme, o que não é pouco, se pensar que já vi…milhares, sem exagero. E lá está, Nicholson no seu “ambiente”…a loucura, ele que entrou são no hospital/prisão e que acaba louco, ainda que não por sua vontade. Extraordinária interpretação, num filme de sempre.
Mas…e depois, quantos sucessos inesquecíveis? Apenas para citar alguns, aqui recordo “The Shining” de Stanley Kubrick, “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes”, “Laços de Ternura”, “As Bruxas de Eastwick”, “Melhor é Impossível” e “About Schmidt”, para não falar aos anteriores a 75 como “Chinatown” ou “Easy Rider”.
È claro que a sua vida pessoal tem sido uma “loucura” completa, como não podia deixar de ser…
Alguém o classificou recentemente como “O maior actor vivo”.
Não sei se é o maior. Mas está seguramente no galarim dos grandes candidatos a tal.
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