segunda-feira, 29 de outubro de 2007

"A Ponte do Rio Kwai"

Tem 50 anos.
“A Ponte do Rio Kwai”, de David Lean.
Revi-o uma destas noites, e mais uma vez dei por bem empregue o tempo.
O argumento é simples, trata-se da destruição, pelos aliados, de uma ponte ferroviária construída pelos prisioneiros britânicos na Birmânia ocupada pelo Japão, na Segunda Guerra Mundial.
Alec Guiness tem uma interpretação fantástica, (ganhou o Oscar de melhor Actor com ela), bem secundado por William Holden, na altura, um dos actores americanos mais populares, e Jack Hawkins, mais um “velho senhor” da geração de ouro.
O filme foi rodado em Ceilão, no meio de várias peripécias, uma das quais foi a produção ter de “tingir” de verde o rio, por este ter aparecido amarelo de um enxurrada durante uma noite, já depois de vários dias de filmagem.
E a música?
Quem não se recorda da marcha assobiada pelos prisioneiros, à chegada ao campo?
Malcolm Arnold foi o compositor, e para além desta banda sonora, que lhe valeu também o Oscar, escreveu “apenas” mais 131 (!).

Um serão bem passado!


sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Cantinflas



Não era um “grande” actor.
Os filmes que protagonizou estão hoje nos baús do esquecimento.
“Datados”, são simples histórias, para crianças hoje adultas, que as viram há muitos anos, nos cinemas deste país.
Cantinflas, de seu nome Mario Moreno (1911 – 1993), é um personagem humilde, pobre, sempre amigo do próximo, bem intencionado e honesto.
No fundo, o México aproveitou-o para também se promover internacionalmente, tendo Charlie Chaplin dado uma boa ajuda quando classificou Cantinflas “o melhor comediante do mundo”, frase que me parece exageradíssima…

Em miúdo, vi muitos dos seus filmes.
E tenho saudades.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

"Lápis Azul"

Há pouco tempo, sentado numa das pequenas salas de um Centro Comercial à espera que o filme começasse, recordei os tempos em que, igualmente sentado no meu lugar, aguardava o início da sessão.

Para aí chegar, havia sido conduzido por um arrumador, que a troco de uma gorjeta me dava o “programa”, em que se podiam ler algumas linhas sobre o filme, intérpretes e realizador.
Quando a luz se apagava, surgia um “documentário”, “O Mundo em Notícias” vindo do Brasil…ou então sobre a visita do “Chefe de Estado” a um qualquer lugar sem importância alguma.
Depois vinha o filme. Que era interrompido a meio para o intervalo.
No “foyer” dos cinemas fumava-se, ia-se ao bar, viam-se as montras/expositores, até soar o “gong”, sinal de que o filme iria recomeçar.
Era assim.

Hoje, é frequente os lugares nem serem marcados, os arrumadores desapareceram, “programas”…. idem, intervalo fugiu.
Em compensação temos cheiro a pipocas, coca-cola, e o barulho da sala ao lado.

Mas não temos os filmes censurados.
Só por isso…vale a pena o "sacrifício".


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Gene Kelly

Sabemos que o “muito bom” é diferente do “excepcional”, e quando coexistem, o primeiro fica sempre relegado para um plano secundário.
Gene Kelly era “muito bom”, mas Fred Astaire era “excepcional”. E assim, esquecemo-nos muitas vezes do talento amplamente demonstrado, em filmes inesquecíveis, por esse grande actor, bailarino, cantor, realizador e coreógrafo.
Gene Kelly (1912 – 1996) foi tudo isso, e em todos esses aspectos foi brilhante.
Evidentemente que aproveitou a época áurea dos musicais, mas pergunta-se se esse tipo de filmes teria existido sem talentos como o dele.
Participou em mais de 40 filmes, alguns dos quais sucessos de sempre, como “Singing in the Rain”, “An American in Paris” e “Brigadoon”.
Apenas uma vez nomeado pela Academia para Oscar de melhor actor, Kelly impôs-se tranquilamente sem necessitar das estatuetas.
Gene Kelly.
Uma “lenda”.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Assim nasceu o "Oscar"

No final dos anos 20 do século passado, a construção de uma casa para o todo poderoso Louis B.Mayer desencadearia a criação do “Oscar” da Academia.
É verdade.
O pessoal necessário exigiu salários fabulosos, e o patrão da MGM, muito preocupado na época com o aparecimento do sonoro , entendeu que tal exigência era mais um ataque, ainda que camuflado, à indústria cinematográfica.
Reuniu alguns dos seus colaboradores, e passou-lhes a mensagem que seria conveniente criar uma associação que congregasse todos os elementos da Indústria cinematográfica, para melhor a defender.
Umas semanas depois, juntaram-se num jantar produtores, realizadores, actores, argumentistas e técnicos, que formaram a “International Academy of Motion Pictures Arts and Sciences”.
Mayer não fez a “coisa” por menos e declarou-se Presidente…e logo ali nasceu a ideia de premiar quem mais se dedicasse à causa do Cinema.
Assim nasceu o “Oscar”, entregue pela primeira vez em 1927/28.
Sabem que aquando da II Guerra Mundial, por falta de metais, a estatueta foi feita em gesso? E que mesmo a “normal” não vale mais que 500 euros?

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

John Gielgud


Perante a sua figura, a sua arte de representar, o seu porte, a sua distinção, que saltavam para a tela de uma forma absolutamente fantástica, fazia-se um silêncio de admiração, de respeito, de homenagem.
John Gielgud (1904 – 2000) foi um dos grandes actores ingleses, de uma geração de ouro, que saiu dos teatros londrinos para o Cinema, encantando com a sua classe as plateias mundiais.
Desde os anos 30 até à sua morte, o actor nunca parou, com uma importância extraordinária no teatro inglês, ele que é considerado um dos maiores intérpretes de Shakespeare, e deixando papéis inesquecíveis no Cinema. E no entanto, a “pobre” Academia de Hollywood apenas uma vez (!) lhe deu um Oscar, e como actor secundário. Triste “cartão de visita” para uma instituição…

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

"Top 20"

A Elizabete, do blogue “Encanto”, passou-me este desafio, que aceito com prazer.
Trata-se de actualizar esta lista de filmes, que quer traduzir os “20 Melhores” de sempre, tarefa ingrata, porque gostos não se discutem.
Cada um dos que colaboram, retiram três filmes e acrescentam outros três.

Retirei:
“Sunrise – A Song of Two Humans (F.W.Murnau) 1927
“Cyrano de Bergerac” (Michael Curtiz) 1942
“Les Uns et Les Autres” (Claude Lelouch) 1981

Acrescentei:
“One Flew Over the Cuckoo’s Nest” (Milos Forman) 1975
“Ben-Hur” (Willyam Wyler) 1959
“Persona” (Ingmar Bergman ) 1966

A lista ficou assim:

Um Corpo que Cai (Alfred Hitchcock) 1958
A Doce Vida ( Frederico Fellini) 1966
O Encouraçado Potekim ( Sergei Eisenstein) 1925
Apocalypse Now - 1979, Francis Ford Coppola
Citizen Kane - 1941, Orson Welles
East of Eden - 1955, Elia Kazan
La vita è Bella (Life is beautiful) - 1997, Roberto Benigni
Modern Times - 1936, Charles Chaplin
The Name of the Rose - 1986, Jean-Jacques Annaud
O Pianista - 2002, Roman Polanski
The Bridge on The River Kway - 1957, David Lean
The Deer Hunter - 1978, Michael Cimino
The Schindler’s List (A Lista de Schindler) - 1993, Steven Spielberg
Unforgiven - 1992, Clint Eastwood
The Godfather Trilogy (1972, 1974, 1990) - Francis Ford Coppola
Amadeus - 1984, Milos Forman
One Flew Over the Cuckoo’s Nest – 1975 Milos Forman
Casablanca - 1942, Michael Curtiz
Ben-Hur – 1959, William Wyler
Persona – 1966, Ingmar Bergman

Passo agora este desafio a Rui Luís Lima, do blogue “Paixões & Desejos”, a quem solicito que depois de actualizar a lista, a passe a outra pessoa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

"Cinecittà"

Mussolini não gostava de cinema.
Para ele, havia duas espécies de filmes: “aqueles que o público pergunta como vão acabar e aqueles em que pergunta quando vão acabar”.
Ou seja…ditador e “inteligente”…

Apesar disso, é ele quem coloca a primeira pedra dos futuros estúdios da “Cinecittà”, local mítico de onde sairão autênticas relíquias do Cinema, e será ele a inaugurá-los em 1937.
Quando a guerra acaba, os estúdios assumem a sua importância.
Sabiam, por exemplo, que o célebre “Quo Vadis?” foi lá rodado?
Mas são os grandes realizadores italianos que vão marcar a Cinnecità. De Sica, Rossellini e sobretudo Fellini. Os grandes filmes destes Mestres foram feitos lá, a apenas 9 quilómetros de Roma.
Fellini considerava mesmo que aquela era a sua segunda casa.

Depois, com o desaparecimento destas grandes figuras, a Cinecittà perdeu igualmente muito do seu esplendor.
Há semanas, um fogo transformou em cinzas uma boa parte dos estúdios.

Esperamos que a Itália democrática tenha o bom-senso de imitar, nesse aspecto, o ditador, e reconstrua o “templo”.
Exige-o a memória do Cinema.
E a nossa.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Burt Lancaster


“Tipo ideal para papéis de gangster ou de pirata que não pedissem muitos miolos e ainda menos corações. O segundo balcão do Éden logo lhe aportuguesou o nome: Bruto Lencastre. Bruto era merecido, Lencastre muita ignorância. Bruto Macário ou Bruto Arlindo convinham mais ao homem, não desfazendo.”

Assim se refere João Bénard da Costa a Burt Lancaster (1913 – 1994)
Não resisti a começar assim estas linhas sobre o actor.

Porque na verdade, devido ao seu aspecto físico, e aos papéis com que iniciou a sua carreira no Cinema, ninguém imaginaria que este antigo trapezista, criado nas ruas da Nova York mais miserável, seja hoje consensualmente visto como um dos grandes actores dos Estados Unidos.
Ele é “O Leopardo”, para todos os apaixonados da Sétima Arte.
Mas convém não esquecer, entre muitos outros, “From Here to Eternity”, “The Birdman from Alcatraz”, “Elmer Gantry” ou “Judgment at Nuremberg”.
Quatro vezes nomeado para Melhor Actor, venceu o Oscar em 1961 com “Elmer Gantry”, e contracenou com todas as grandes actrizes do seu tempo, como Jean Simmons, Claudia Cardinale, Gina Lollobrigida, Deborah Kerr e Barbara Stanwick, lembrando apenas algumas.

O “Bruto Lencastre” dos tempos iniciais deu lugar a um excelente actor, que perdurará na memória de todos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

"Feios, Porcos e Maus"

Começamos por sorrir, depois rir até quase às lágrimas, voltamos à fase inicial e a certa altura estamos muito sérios a olhar para o écran, cada vez mais sérios até ao fim.
“Feios, Porcos e Maus”, de Ettore Scola.
Tudo se passa numa barraca de um “bairro de lata” perto de Roma, onde Giacinto vive com a mulher, dez filhos, a sogra, primos e primas. Todos numa só barraca, porque o chefe de família tem receio que alguém lhe roube a indemnização que recebeu por um acidente de trabalho. Dorme agarrado a uma espingarda, pronto a disparar sobre quem se aproxime, seja quem for.
Tudo aquilo é nojento, desde as refeições ao aspecto da família, degradante, promíscuo, miserável.
No meio de personagens absolutamente indescritíveis, Nino Manfredi é a “alma” do filme, com uma interpretação inesquecível. Poderia não ter feito mais nenhum filme, porque bastaria este para o colocar na galeria dos grandes actores italianos.

“Feios, Porcos e Maus”.
O título diz tudo, e bem.

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