quinta-feira, 19 de abril de 2007

Glenn Close


Lembro-me bem de ver no saudoso Monumental, nos finais dos anos 60, o fabuloso grupo “Up With People”, constituído por dezenas de estudantes americanos.
Pois Glenn Close, que nasceu em 1947, fazia parte desse conjunto.
Só que se cansou de cantar, e resolveu enveredar por uma carreira no teatro, donde obviamente “saltou” para o cinema.
E em boa hora o fez.
Lembrem-se, por exemplo, destes filmes: “O Estranho Mundo de Garp” (1982), “Os Amigos de Alex”, “O Fio do Suspeito”, “Os Reveses da Fortuna” e “Atracção Fatal”.
E poderia acrescentar mais, como “A Casa dos Espíritos”, em que tem uma interpretação notável.
A sua expressão facial permite-lhe “marcar” cada personagem, com uma versatilidade espantosa, só ao alcance de uma grande actriz.

22 comentários:

Teresa disse...

Esta é uma daquelas que eu venero mesmo, José!
E uma das eternas injustiçadas em prémios dos quais não precisa nada para lhe atestarem o valor. Pensar que perdeu um Oscar para a Cher dá-me vontade de rir (apesar de ela até estar muito bem no filme em questão,revelou-se excelente actriz).

Tive a felicidade de a ver em Londres há quatro anos, no National Theatre. Uma extraordinária Blanche Dubois, nem preciso de dizer o nome da peça, pois não?

Teresa disse...

P.S. Há cenas no fabuloso "Dangerous Liaisons" em que volto atrás só para lhe estudar as expressões faciais, tão magnificamente expressiva ela é.

Anónimo disse...

eu tb adoro essa atrás, gosto muito do reverso. beijos, pedrita

Anónimo disse...

Pois Teresa, também gostava de ter apanhado esse "Eléctrico"...

E na verdade os seus traços fisionómicos são fabulosos, e distinguem-na entre mil. Em todos os seus filmes, em cada personagem.

Teresa disse...

José, ainda vou a tempo...
Tem ou não O Leão no Inverno com ela, Glenn Close?

Anónimo disse...

Tenho sim, Teresa.

Muito obrigado.

teresamaremar disse...

Este post, e a expressão facial, dá para uma noite tertúlica... tem aqui tanta pista...

a primeira imagem que me veio, foi aqueloutro arquear de sobrancelha de Vivien Leigh...

depois, fiquei a pensar na máscara do teatro grego... expressão imóvel...

e depois, no teatro de sombras chinesas, onde a expressão nem imóvel é, ausenta-se...

e, depois ainda, veio-me o "Retrato a Sépia" de Isabel Allende... onde a fotografia prende o monento. É através da fotografia, porque presos os tais momentos, que a personagem principal descobre o que o tempo real, em sucessão, não a deixava ver.

O cinema que é que não a arte da fotografia em movimento? (foi esse o ponto de partida dos Lumière), uma espécie de pintura impressionista, que prende o instante, a sensação...

Se outras artes se reduzem a convenções, o cinema vai para lá destas e mete-nos em contacto com a realidade que nos rodeia mas que podemos não aperceber, convida-nos a ver os detalhes (evoco Jean Renoir).
Porém, não deixa de ser curiosa a nova ponte que o cinema digital propõe, já que este afasta o cinema da fotografia e o apróxima da pintura.

Contudo, porque o rosto humano é o elemento mais rico da arte do cinema, trabalhar a expressão facial no cinema digital é uma das maiores preocupações desses realizadores, investindo numa resolução cada vez mais apurada, de modo a captar não apenas movimentos musculares mas expressões de emoção.

Anónimo disse...

Belo texto, teresamaremar.
Não posso estar mais de acordo.
Porque na verdade, olhar para Glenn Close evidencia-nos a importância do "facies", os esgares, o que se diz sem se falar, os olhares, os trejeitos.
Não há muitos actores ou actrizes com este "carisma", sendo os seus possuidores elevados ao conceito de "estrela".
Repare que Close nem é uma mulher bonita. Não precisou disso.
Bem antes dela, Bette Davis ("Eve"), Joan Crawford ("Johnny Guitar") ou Jeanne Moreau ("Jules et Jim") deram lições magistrais de desempenho, sem muito dizerem.

Obrigado por este seu comentário.

Teresa disse...

Concordo, José, a Teresa disse tudo.

Estou a lembrar-me de duas cenas no "Dangerous Liaisons" (duas entre muitas) em que a cara dela dava tratados: a final, a começar na Ópera, quando é vaiada e sai do camarote (e aquele cambalear...), seguindo-se o retirar da pintura já em solitário e longe dos olhos do mundo...

E o momento em que ela desce da carruagem, chegada a casa da Madame de Rosemonde. Num instante a cara dela é um mapa de deliciosa e deliciada perfídia, num instante seguinte, ao levantar a cabeça para estender os braços à amiga cheia de problemas - a grande Swoozie Kurtz, que eu tive a sorte de apanhar na Broadway numa extraordinária peça da Nora Ephron - já toda ela é compaixão e caridade.

Maravilhosa actriz! A Nicole Kidman prometia crescer muito (o desempenho dela no "Disposta a Tudo" continua a deslumbrar-me) e começou a fazer coisas à cara. Não sei se é botox, não sei o que é... só sei que está com uma cara imóvel.

Estou consigo, José. Bette Davis é para mim uma das maiores (ponho-a à frente da Katharine Hepburn, de quem, como acho que já lhe disse, só gosto verdadeiramente a partir de uma certa idade). Há pouco tempo, numa noite de insónia, revi de uma assentada o "All About Eve" e o "Whatever Happened to Baby Jane". E voltei a maravilhar-me.

Anónimo disse...

De facto, esses são dois dos maiores filmes da Bette Davis. O confronto com a Crawford, no segundo, é de tirar a respiração.
O olhar enorme de Bette dispensa qualquer adjectivo.
Quanto à Kidman...apesar de tudo...acho que sabe escolher os papéis, não tendo enverado pelo facilitismo que a sua figura, e o marketing adjacente, tornaria quase obrigatório.
Mas desta geração, prefiro a Holly Hunter. Quem esquece a sua interpretação em "O Piano"?

Obrigado pelo comentário.

Teresa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Teresa disse...

Corrigido, que estava com três gralhas:

Sabe que eu detesto "O Piano"?
Mesmo não regateando elogios às interpretações de todos os actores.

teresamaremar disse...

Começo por pegar na deixa da Glenn não ser uma mulher bonita… e lembro a Graça Lobo… que nada tem de bonita, mas de quem eu gosto muito, e que consegue surtir uma grande “ginástica” facial (ok, ok, por vezes exagerada, mas eu gosto).

Aquele retirar de pintura da Glenn… inesquecível, sim.

A Bette Davis foi também uma das que lembrei… por detrás daquele olhar está um mundo, mundos… A Gleen joga com o rosto integral, a Bette essencialmente com o olhar.

Porém, quanto à Nicole… eu acho que ela nunca quis ser expressiva, aliás, creio que a aposta dela é exactamente na inexpressividade, a ausência a criar mistério, a inacessibilidade a fazer-se a partir da ausência que ela cria com o inexpressivo.
É essa aura que ela pretende, inclusivé fora da tela. As Horas… eu adorei-a. Não é qualquer actriz bonita que se despoja da beleza em nome de um papel. Ela fê-lo e fê-lo bem. Se ela tinha alguma coisa a mostrar, mostrou-o. Se eu já gostava, fiquei fã.

Anónimo disse...

Fantástica!

José, quero que saiba que seu Blog é um dos meus favoritos!

Um abraço!
:)
elisabete cunha

spring disse...

olá!
Se viu o "Estranho Mundo de Garp" no quarteto aquando da estreia já verificou que ele ao passar na televisão está censurado, porque quando o carro conduzido por Robin Williams ao bater no carro onde se encontra a mulher com o amante, deixamos de ver a sequência e surge uma fotografia do Robin.uma simples curiosidade.
quanto às sessões da meia-noite do "quarteto" as melhores eram as da memória do cinema com aqueles fascículos: eram sempre dois filmes começavam às 23h30, o pior era depois regressar a casa a pé, hora e meia de caminho pela noite dentro... com diria o John Landis.
um abraço cinéfilo
paula e rui lima

Anónimo disse...

Caro Rui Luis

Quando a sessão acabava era madrugada...não se via ninguén nas ruas, e eu morava em Campo de Ourique...
Valiam as boleias de amigos, ou o carro do meu pai.Mas se ele não podia emprestar, então a coisa era mesmo dramatizada, porque íamos do Quarteto para o "Alfredo" (lembra-se?) cear até às tantas...e depois um táxi para quatro...que nos ia deixando um a um em casa.
Bons tempos!

E quanto ao Garp, tem toda a razão, essa cena não apareceu...critérios! :)

teresamaremar disse...

Essa "censura" fez-me lembrar uma bem incrível... uns dois anos depois de Les Uns et Les Autres, fui a uma reposição no Mundial... não é que tinham cortado o Bolero logo após os primeiros minutinhos????!!!!

Teresa disse...

Coisas várias:
(é o que este blog tem de melhor, a conversa é como as cerejas, e toda a gente responde aos outros todos. Sempre na maior amizade e mesmo que discordemos).

Teresinha (Maremar):
Agora tenho de discordar ferozmente. Na época em que a Kidman ganhou o Oscar oelo extraordinário "As Horas" era de todas as nomeadas a que menos o merecia! Julianne Moore e Meryl Streep, essas sim! A Kidman poderia tê-lo ganho com toda a justiça no ano anterior, com o "Moulin Rouge". Fiquei com a sensação incómoda de o prémio ser mais para a caracterização do que para o desempenho... Receita segura: transformar uma mulher muito bonita (desde que devidamente reconhecida como tal) numa mulher feia e temos Oscar potencial. Nunca falha. A Charlize Theron (óptima actriz, de resto...) que o diga.

"Les Uns et Les Autres" - detesto discordar de si, Teresa, mas o filme é mesmo muito fraco, é uma espécie de fórmula bem administrada para comover o papalvo. E eu - pobre de mim! - toda a vida abominei o "Bolero" de Ravel! Não sei explicar, é um ódio de estimação meu.
Chliché, cliché, cliché! Dêem-me mil vezes o "Aventura É Aventura"!

Aos restantes (Rui Paula, parece-me):
É uma vergonha, mas nunca vi "O Estranho Mundo de Garp", eu que venero Madame Close. Mas li o livro e tenho a tal cena bem presente. É terrífica, difícil de passar ao ecrã. Desculpemo-los.

Ao Rui, à Paula e ao José:
As sessões duplas do Quarteto!!! Como me lembro bem delas!!!
A últimavez que lá fui foi há mais de um ano, dois dias ante dos Oscars, o "Crash" estava quase a sair e eu queria vê-lo. Ficou desde logo o meu favorito, claro!!!

P.S. Só para o José: as coisas foram para o correio ontem... depois das cinco. O que significa que vão chegar na terça~feira. Atenção ao carteiro, espero que não tenha de ir aos correios!

teresamaremar disse...

Boa noite Teresa,

quanto ao As Horas, sem contestar o mérito das outras actrizes, eu gostei da Nicole, sim. Mas note... não me referi ao factor Oscar. Não está nem em causa se concordo com o facto dela o ter ganho, se outras o mereceriam mais ou melhor, está em causa ela e o seu crescimento. Para mim ela cresceu, mostrou-o, mostrou-o bem.

Não sei, também, se subscrevo que ela houvesse dele sido merecedora em Moulin Rouge. Não gostei do filme, detestei a música, e mais da música me fartei depois de passar umas férias que podiam ter sido paradisíacas, numa piscina tropical igualmente paradísiaca, que, contudo deixaram de o ser, pois que todas as tardes, as aulas de pseudo-natação eram acompanhadas pelo dito fundo musical, a deixar "depre" qualquer ser humano, e ao qual só escapava quem do hotel optasse por se ausentar.
[lá está o “som” a invadir-me, qual um tal “fernandoooo” que, no seu período áureo, teimava em ser vomitado do meu rádio em cada despertar radiofónico, que eu gosto de despertar ao som do rádio, ou telefonia, como mais me agrada dizer]

A “receita” de transformar uma mulher bonita numa feia até pode ser estratégica, pois então, para mim, resultou. E as receitas servem para isso… para que resultem. Porém, concorde que nem todas as actrizes bonitas a tal se sujeitam… o que já dirá do carácter dela.

Quanto ao Les Uns et Les Autres, presumo que a terá chocado eu ter repetido a dose dois anos passados. Até repeti bem mais algumas vezes. Ainda que a receita aqui haja sido, malgré tout, a de príncipes azuis e princesas cor-de-rosa.
Tem dois ingredientes que me agradam… a Segunda Guerra Mundial, período que me apaixona, não resisto a nada que a aborde, e genealogia. Não lembro se me comoveu então, provavelmente sim, andava pelos meus vinte anos, [quem sou eu? de onde venho? para onde vou?] (aii quanta crise existencial), lá me deve ter feito um apelo à lágrima.

Agora… se um Claude Lelouche o assina, se uma Fanny Ardant e um Jacques Villeret, estes os meus preferidos, (ok, ainda tenros, mas porém) o adoptaram (ter-se-ão arrependido anos mais tarde?) e se foi, por muitos, considerado o chef-d’oeuvre de Lelouche… eu que não me acho papalva :) reconsidero, e, se calhar, até quero ser :)

O Bolero… vou gostar dele sempre. E, no filme, pelo que ele traz de corpo que se entrega…

Usa dizer-se que gostos não se discutem, eu tenho o (mau?) hábito de contrariar e dizer que não só se discutem como se educam. Educá-los, porque enquanto aprendizagem, é bom. Discuti-los pois que é saudável.
Gosto de ver o ARTESÉTIMA como espaço de discussão.

Anónimo disse...

Olá teresamaremar
Olá teresa

Como este é um espaço plural, e ainda bem que o é,pois nasceu com esse intuito, resolvi comentar o "Les Uns et les Autres", que vi há muitos anos.
E começo por dizer que (apesar de não ser papalvo...desculpe teresa)gosto do filme.
Pelas interpretações excelentes de alguns actores de grande nível, pelas histórias individuais de cada um dos personagens, na teia que essas odisseias vão tecendo, pelo período em questão que me fascina e sobre o qual há bons, maus e péssimos filmes, pelo realizador.
E sempre guardei do filme, a par de tudo isso, uma recordação: o Bolero, que abominei.
Dançado daquela maneira, muito arrastada, demasiado longo, o fim do filme pareceu-me um alívio que me livrava "daquele" Ravel.
O grande Claude fez muitos outros grandes filmes, alguns dos quais com a inolvidável Romy, e esse marco da comédia que dá pelo nome de "Aventura é Aventura", ao qual já dediquei um post neste blogue.
Mas "Les Uns et Les Autres" merece figurar no seu quadro de honra.

Aqui fica a minha opinião.
Mas ainda bem que nem todos gostamos do mesmo. Seria monótono e cansativo.

Obrigado teresamaremar.
Obrigado teresa.

Teresa disse...

Bom dia, Teresa.
Não, de facto não estamos de acordo em muita coisa, o que não quer dizer que eu não respeite os seus pontos de vista, por mais diferentes que aqui ou ali possam ser dos meus. E olhe que não a enfileiro entre os papalvos... hem?

Este espaço serve, entre outras coisas, para trocar opiniões, e é isso que fazemos. Concordamos numas coisas, discordamos noutras... e é tudo.

Relativamente ao "Moulin Rouge", tenho reparado que normalmente só há duas opiniões sobre ele: as dos que o odeiam e as do que o adoram - que é o meu caso.

E tenho dificuldade em acreditar que a Teresa possa detestar esta música, por exemplo...
http://www.goear.com/listen.php?v=3676424
Ou esta...
http://www.goear.com/listen.php?v=3fc16ae

Um beijo.

teresamaremar disse...

Escutei ambas, Teresa,
não foi a nenhuma destas que me referi, procurei mas não encontrei no Youtube, pelo menos numa rápida passagem. Também não é importante.

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