quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Ennio Morricone



Quem gosta de cinema, conhece muitos actores, alguns realizadores, um ou dois produtores. E se perguntarmos a este público para indicar dois ou três nomes de compositores musicais para cinema, apostamos que na esmagadora maioria das respostas apareceria Ennio Morricone.
É impressionante o número de filmes que este senhor musicou. Nada mais, nada menos do que cerca de 400!
“Talvez organize o meu tempo melhor do que outras pessoas”, respondeu uma vez quando questionado como arranjava tempo para tanta actividade, pois além de compor para cinema, é também autor de inúmeras peças, cantatas e orquestrações. E acrescentou: “Diz que eu faço muita música. Bem, se me pudesse comparar com Bach ou Mozart, diria que eu era um desempregado!”
Morricone não compõe ao piano ou no computador. Escreve e a lápis.
O pai tocava em orquestras de ópera e clubes de jazz, e Ennio cresceu a tocar trompete, instrumento que aprendeu no célebre Conservatório de Santa Cecília em Roma. Daí não admirar a mescla de estilos musicais que compôs ao longo da sua já extensa vida.
Como escolhe os filmes em que quer participar? Simples:
“Às vezes leio o guião, outras apenas a parte principal da história e já aconteceu muitas vezes ver o filme pronto e depois musicá-lo”. É fácil…apenas para ele.
“A Missão”, “Era Uma Vez na América”, “1900”, “Cinema Paraíso”, “Aconteceu no Oeste” são apenas alguns dos enormes sucessos de Ennio Morricone.
A quem a Academia de Hollywood, talvez atrasada, prestará homenagem na próxima entrega dos Oscares, entregando-lhe um Prémio de Carreira que o músico italiano tanto merece. Ele que foi nomeado muitas vezes, mas nunca ganhou nenhuma daquelas estatuetas.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

John Ford


John Ford.
Nome simples de alguém com muito mau feitio, carrancudo, mas genial.
Quando falamos em “westerns”, lembramos de imediato John Wayne, aquele “monstro sagrado” que fez as delícias da nossa juventude, arrasando os “maus” e impondo a justiça. E logo a seguir lembramos o realizador de tantos desses filmes, John Ford, que tinha em Wayne o seu actor de eleição, ainda que Henry Fonda e John Carradine também estivessem sempre muito ligados ao Mestre.
Em tempo de Óscares, é bom lembrar que, ainda hoje, Ford detém o maior número de galardões alguma vez alcançado por um realizador. Nada menos de 4. E o que é mais curioso, é que nenhum deles premiou uma fita de “cowboys”. Incrível, não é?
Ganhou-os com “O Informador” (The Informer), “As Vinhas da Ira” (The Grapes of Wrath), “O Vale era Verde” (How Green Was My Valley), e “Depois do Vendaval” (The Long Voyage Home).
A pala negra que o caracterizava nos últimos anos da sua vida, e que lhe tapava o olho esquerdo, foi resultado do “bom feitio” de Ford, que aquando de uma operação às cataratas não seguiu os conselhos do médico e retirou o penso à revelia deste.
Como resultado cegou desse lado.
Numa outra ocasião, quando em conferência de Imprensa o então repórter Jean-Luc Godard, a trabalhar para os “Cahiers du Cinema”, lhe perguntou “Como veio para Hollywood”, limitou-se a secamente responder “De comboio!”, deixando perplexo o futuro grande realizador francês.
Enfim, um génio temperamental, com lugar reservado no estrelato universal do Cinema.

sábado, 27 de janeiro de 2007

L' Aventure...


Um grupo de assaltantes de bancos entende que o seu “ofício” já não é suficientemente lucrativo, e decide mudar de “ramo”, optando por raptar celebridades.
Só que este grupo tem uma característica especial: os seus cinco componentes são completamente idiotas, a roçar a acefalia.
É claro que os actores escolhidos não podiam ser melhores para o efeito: Lino Ventura, Jacques Brel, Charles Denner, Charles Gerard e Aldo Maccione.
É verdade, Brel, que não deixa os seus créditos como actor por mãos alheias, demonstrando que o seu talento não se resumia às suas célebres canções.
Interpretações portentosas de todos eles.
Claude Lelouch realizou, em 1972.
O filme é um festival permanente de boa disposição e gargalhada.
Lembro-me bem de o ter visto, pela primeira vez, no cinema “Mundial”, e não sei como as cadeiras resistiram, tantos os saltos que os espectadores davam, incapazes de controlar o riso. Já perdi a conta às vezes em que o revi.
Recomendo vivamente, até porque existe em DVD.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

António Silva



”O português que se desenrasca, meio aldrabão, cheio de bazófias”, assim se refere Vítor Pavão dos Santos ao grande António Silva.
Nunca vi descrição tão correcta.
As personagens pitorescas que magistralmente interpretou, e que perduram na nossa memória colectiva, caracterizavam-se por essa tão portuguesa tendência para o facilitismo exagerado, o “deixa andar”, o “tudo se resolverá”.
É claro que com um talento enorme, que assumia o expoente mais elevado na maneira como gesticulava as mãos, absolutamente ímpar no nosso cinema.
António Silva veio do nada, na adolescência foi marçano, empregado de uma retrosaria, caixeiro de uma drogaria, bombeiro. Trabalhava e estudava, tirando o Curso Comercial que para nada lhe serviu, já que o Espectáculo era a sua paixão.
A primeira ligação ao cinema surge quando integra o grupo “Fitas Faladas”, que dobrava filmes mudos no Salão Ideal, na rua do Loreto, bem perto do Largo de Camões.
Aparece pela primeira vez no teatro em 1910, na Companhia dirigida por Alves da Costa, no Teatro da Rua dos Condes, com a peça “O Novo Cristo” de Tolstoi, e a partir daí, não mais parou, até se reformar já nos anos 60.
Ninguém esquecerá o alfaiate “Caetano” da “Canção de Lisboa”, o “Evaristo” do “Pátio das Cantigas”, o “Simplício” do “Costa do Castelo”, e muitos outros que uma série de gerações aclama, décadas passadas, como se os filmes tivessem acabado de se estrear.
É a primeira figura do cinema português que aqui coloco.
E não podia ser outra.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

"A" Actriz


Por muitos considerada a maior actriz viva de cinema.
Mary Louise Streep de seu nome verdadeiro.
Com a nomeação anunciada ontem para os Oscares deste ano, subiu para 14! o número de nomeações que esta actriz de excepção conseguiu desde 1978, ano em que o foi para Melhor Actriz Secundária com o filme “O Caçador”.
No ano seguinte, ganhou este prémio com “Kramer contra Kramer”, em 1981 foi pela primeira vez candidata ao Óscar de Melhor Actriz com “A Amante do Tenente Francês”, que venceria no ano seguinte com “A Escolha de Sofia”.
Em 1983 foi novamente nomeada com “Reacção em Cadeia”, em 1985 com “África Minha”, em 1987 com “Estranhos na Mesma Cidade”, em 1988 com “Grito de Coragem”, em 1990 com “Recordações de Hollywood”, em 1995 com “As Pontes de Madison County”, em 98 com “Podia-te Acontecer”, em 1999 com “Melodia do Coração”, e em 2002, para Secundária em “Inadaptado”.
Em 2006, será uma vez mais candidata com “O Diabo Veste Prada”.
Espantoso! Qualquer destas interpretações ficará eternamente na memória de todos.
Aconteça o que acontecer, Meryl Streep já guarda para si o recorde de nomeações, afastando-se de outra grande Senhora que foi Katharine Hepburn.
Meryl chegou mesmo a dizer :
“Fico arrepiada e honrada por ser nomeada, e também horrorizada pelo facto de alguém imaginar que eu poderia ultrapassar a inultrapassável Katharine Hepburn. Mas é muito gratificante o simples facto de se mencionar o meu nome ao falar-se dessa enorme actriz”.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Sem "papas na língua"


Devido ao apelido, muitos pensam que é francesa. Mas é inglesa, sendo Bissett o apelido da mãe, essa sim, francesa. Vive em Los Angeles desde 1965.
Tem 62 anos e rodou mais de 40 filmes, dirigida por grandes realizadores, entre os quais John Huston, George Cukor, François Truffaut e Roman Polanski. Contracenou com “gigantes” como Marlon Brando, Steve McQueen e Frank Sinatra.
Apenas uma vez (“The Deep”) filmou com menos peças de roupa…e quando solicitada para o fazer em filmes posteriores, respondeu sempre:
“Na verdade, preferiria fazer coisas mais interessantes, pode ser?”
Afirma que aprendeu tudo o que sabe de cinema em Hollywood, vendo os seus colegas a representar, e copiando-os. Adorou trabalhar com Brando, mas detestou fazê-lo com McQueen, “ um maníaco difícil de conhecer bem”, palavras nada abonatórias para o falecido actor.
Nunca casou nem teve filhos, apesar de prolongadas ligações a Michael Sarrazin, Victor Drai, Alexander Gudunov e Emin Boztepe, um especialista turco em artes marciais, com quem viveu mais de uma década, mais novo do que ela “apenas” 17 anos. A relação terminou em 2006.
Jacqueline entende que “algumas das jovens actrizes actuais nem chegam a aprender bem os seus papéis. Podem pensar que é engraçado, mas chegam às filmagens e não sabem nada, restando-lhes mostrar o corpo…o que é o contrário de um bom profissional”.
Não quis dizer nomes.
Uma grande actriz sem “papas na língua”.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Mickey Rooney


É hoje um respeitável ancião de 86 anos.
Nos anos 30 e 40 foi um dos actores mais populares em todo o mundo.
Mas… qual a razão de nos lembrarmos tanto dele, se na verdade nenhum dos seus trabalhos ficou especialmente memorável?
Porque é que um individuo feio e baixo, longe do galã clássico, casou oito vezes, a primeira das quais, nada mais, nada menos do que com Ava Gardner, uma das “deusas” de Hollywood?
Está muito na nossa memória porque invariavelmente apareceu, durante décadas, num número interminável de séries televisivas, entre as quais algumas de enorme sucesso, como “O Fugitivo”, “Twilight Zone” e “Kung Fu”, para além dos canais de cinema que vão repetindo a exibição dos seus filmes, cujo êxito começou com a personagem Andy Hardy, que interpretou em “apenas” 16 filmes.
E a verdade é que, devido ao sucesso destas películas iniciais, Mickey Rooney ganhou uma fortuna, e também uma posição invejável nos bastidores da indústria, o que seria um atractivo chamariz para jovens estrelas em ascensão, como a bela Ava.
No entanto, poucos saberão que o grande arranque para a carreira deste actor, surgiu das mãos de Walt Disney, que baptizou o seu famoso rato de “Mickey”, numa clara colagem ao sucesso do actor.
Mickey Rooney e Mickey Mouse.
Os dois ocupavam sempre as duas primeiras posições em popularidade, nos anos 30.
Rooney recebeu apenas uma nomeação para o Óscar em 1939, pelo seu trabalho em “Babes in Arms”, mas a Academia de Artes e Ciências de Hollywood concedeu-lhe em 1983 um prémio de homenagem a toda a sua longa carreira, que nesse ano se traduzia em 60 anos de actividade profissional.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Já 25 anos!


Em 1992, passeando devagar pelos Campos Elísios numa amena tarde de Setembro, comprei o “Paris Match”, que na capa trazia uma esplendorosa fotografia de Romy Schneider, com uma legenda que nunca esqueci: “Romy, dix ans déjà!”.
Na verdade, a actriz faleceu em 1982.
Ao iniciar este blogue, faço questão de ser esta a primeira figura a aparecer, agora que em vez de dez, se completam 25 anos sobre a sua morte.

Trabalhou com grandes realizadores, contracenou com outros enormes actores, e desde a ingénua “Sissi” que cativou o mundo, passando pela sensualidade da Marianne em “A Piscina” até ao derradeiro papel, Elsa, em “La Passante du Sans-Souci”, Romy Schneider é um ícone do cinema europeu.

A fotografia que aqui anexo, faz parte do catálogo da exposição “Romy Schneider por César Lucas”, realizada em Córdova em 2006. Uma peça rara e valiosa, na colecção bibliográfica que possuo sobre a grande actriz austríaca.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Apresentação

Blogues sobre cinema há muitos.
“Arte Sétima” será mais um, mas diferente.
Não quer concorrer com nenhum outro, pelo que se distinguirá nas informações menos conhecidas do público, nas curiosidades, nos bastidores.
Homenageará as figuras que mais me influenciaram, que mais admirei, que mais contribuíram para a devoção que tenho pelo Cinema.
Perspectivará o que de mais importante irá acontecer, mas não perderá tempo com vidas íntimas de actores e actrizes, “dramas” cor-de-rosa que as revistas noticiam com deleite.
Destacará o cinema que se fez em Portugal, os seus protagonistas, quem fez dele alguma coisa.
Mãos à obra !
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